Thaís Giraldelli: A Visionária que Reescreve as Regras da Beleza
Da Curadoria a Regulamentação: A Mente por Trás da Próxima Era Cosmética

No universo da beleza, onde tendências nascem e se renovam em um piscar de olhos, Thaís Giraldelli se destaca não apenas por acompanhar o movimento, mas por ditá-lo. Com uma carreira construída na interseção entre inovação e estratégia, essa empreendedora multidisciplinar — que também atua como perita judicial — traz ao mercado cosmético uma abordagem única: a de quem enxerga o futuro antes mesmo que ele se desenhe.
Sua trajetória começou de forma intuitiva, desbravando o nicho de cílios postiços quando ele ainda era incipiente no Brasil, e evoluiu para uma atuação global como consultora de grandes fabricantes internacionais. Hoje, como "beauty hunter", Thaís não só identifica tendências, mas as molda, equilibrando criatividade, compliance e um profundo entendimento das demandas do consumidor moderno.
Nesta entrevista exclusiva, ela revela os bastidores de um mercado em constante transformação — desde os desafios de conciliar inovação disruptiva com regulamentações rigorosas até os mitos que precisam ser derrubados. Com uma visão aguçada sobre sustentabilidade, tecnologia e saúde das profissionais, Thaís aponta os caminhos que a indústria deve seguir para não ficar obsoleta. E, é claro, compartilha o conselho que guia sua própria jornada: "Não espere a tendência — crie-a."
Prepare-se para uma conversa que vai além do superficial, com uma das mentes mais estratégicas (e inquietas) do setor.
CARREIRA E TRAJETÓRIA
Minha jornada na indústria da beleza começou de forma muito intuitiva, com um olhar apurado para o que ainda não existia no mercado. Percebi que havia um espaço imenso para inovação dentro do segmento de cílios, quando esse universo ainda era pouco explorado no Brasil. Foi aí que decidi empreender, trazendo técnicas e produtos que eu mesma pesquisava em mercados internacionais, especialmente na Ásia. Com o tempo, percebi que não bastava seguir tendências — era preciso antecipá-las. Foi assim que me tornei uma "beauty hunter", sempre conectando inovação com estratégia.
Sem dúvida, o maior desafio foi atuar como consultora para grandes fabricantes internacionais e perceber como cada cultura enxerga beleza de forma diferente. Isso me obrigou a repensar meus próprios padrões e entender que o que funciona no Brasil pode não ter aderência em outros países — e vice-versa. Também foi desafiador adaptar inovações globais às exigências regulatórias brasileiras, sem perder a essência do produto.
Minha formação técnica e minha experiência como perita judicial me ajudam a ter um olhar mais analítico sobre os negócios. Eu consigo equilibrar criatividade com responsabilidade técnica e legal, o que é essencial quando lidamos com produtos que estarão em contato com o corpo humano. Além disso, essa base me dá mais credibilidade ao negociar com fabricantes e regulamentadores, pois compreendo profundamente os processos e a importância da conformidade.
INOVAÇÃO E TENDÊNCIAS
O primeiro é que a beleza precisa, obrigatoriamente, seguir tendências — na verdade, ela deve respeitar a individualidade. O segundo é que visuais mais naturais são sinônimos de menos impacto ou sofisticação, o que não é verdade. E o terceiro é que o Brasil está sempre atrás no setor de beleza. Temos um potencial gigantesco de inovação e precisamos ocupar esse espaço como protagonistas.
Estar próxima de quem realmente consome e de quem cria. Eu acompanho o comportamento das profissionais na ponta, das influenciadoras independentes, e também dos fornecedores asiáticos, que são precursores de muita coisa. Meu radar está sempre ligado ao que ainda está "em teste" em outras partes do mundo, mas que pode se encaixar perfeitamente no nosso contexto.
As colas plant-based com baixa toxicidade e as tecnologias de cílios pré-colados com alta retenção me chamaram atenção pela praticidade e pela preocupação com a saúde da profissional e da cliente. São inovações que unem sustentabilidade, conforto e eficiência — algo que sempre busco promover.
REGULAÇÃO E FUTURO DO SETOR
Conciliar inovação com regulamentação exige planejamento desde o início do desenvolvimento. Eu costumo envolver especialistas técnicos e jurídicos nas primeiras etapas de qualquer projeto. Assim, conseguimos validar a inovação sem comprometer a segurança. O segredo é pensar em inovação com responsabilidade.
Falta incentivo à pesquisa, redução da burocracia e uma mentalidade mais aberta à colaboração entre órgãos reguladores, fabricantes e profissionais da área. O Brasil tem criatividade de sobra, mas precisamos transformar essa criatividade em produto final com mais agilidade.
A falta de preocupação com a saúde das profissionais, principalmente em relação à exposição a componentes tóxicos, é um risco silencioso. Outro ponto é ignorar o desejo do consumidor por transparência, rastreabilidade e propósito. Quem não se adaptar a essas demandas, vai ficar para trás.
Seja curioso e inconformado. Estude profundamente, busque referências fora do óbvio e tenha coragem de criar o novo. O mercado de beleza é apaixonante, mas também exige muita resiliência, estratégia e autenticidade.
Poderia finalizar com uma frase que te representa?
“Eu não sigo tendências — eu antecipo.”
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